EVANGELIO COMMUNIONEM EPISCOPORUM


DA CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS 

        DECRETO INSTRUTIVO 

   “EVANGELIO COMMUNIONEM EPISCOPORUM”


Aos Bispos e Arcebispos,
Patriarcas, Eparcas e Exarcas,
Primazes, Metropolitas e Auxiliares,
E a todos aqueles á qual revestem-se da pro dignidade apostólica e atendem o cuidado ao rebanho em comunhão á esta Sé de Roma e seu Bispo.


Introdução

Caros irmãos membros do vasto colégio episcopal e em funções de cunho pastoral e diligente ao cuidado do povo de Deus, após tempos em análises por parte desta congregação, vimos a necessidade de ‘instruir’ aos pastores das grandes dioceses as necessidades mais sublinhadas e avaliadas por esta congregação, de modo que este escrito de nossas mãos, não vem condenar ou impor mais rogar e preconizar á vos pastores de cada igreja particular.
Gostaria de dar início a este documento instrutivo dirigindo-me á vos, recordando tanto parte do cerne do ministério episcopal de sucessores dos apóstolos, o que nos comunica o Catecismo da Igreja: “Para que o Evangelho fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os bispos como seus sucessores, "entregando-lhes o seu próprio ofício de magistério". Com efeito, a pregação apostólica, que se exprime de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se, por uma sucessão ininterrupta, até à consumação dos tempos.” (CIC n°77) sabemos que os bispos guardam em sua missão esta tradição e riqueza apostólica, já nos em nossa ‘realidade’ guardamos uma tradição a parte, a de mais firmes e cuidadosos anunciadores da boa nova, em nossas ‘comunidades’. Assim de igual modo vivemos uma relação ininterrupta neste necessário anuncio, obedientes ao que nós, diz, nosso Sumo Pastor: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Mc 16-15) é este também um dos princípios do bispo em seu rebanho, de mais firmemente orienta-los a anunciar este evangelho a boa nova de salvação, e também este, o bispo e pastor ser o primeiro promotor deste anúncio no meio de seu redil.
Assim cientes do que nos fazemos e formalizamos quanto pastores diocesanos de um rebanho, somos solícitos a nós aprofundarmos e arraigarmos com docilidade e mansidão, nas instruções a este ministério, a fim de suprir e indicar melhorias para a vivência de bispo, clero e povo.

                          I Pastoreio e as Necessidades do Anuncio

O Bispo Ouvinte e Anunciante da Boa Nova
Como já foi citado na introdução deste, é preciso dar grandioso enfoque a necessidade dos bispos em fortalecer e animar mais e mais seu redil no anuncio fidedigno do evangelho, por isso é daí que zelosamente lembramos e exortamos aos diletos pastores da igreja, sejam vos pastores, vigias e promotores deste desejo ardoroso e necessário em vosso redil, sempre animando a vossa igreja a não cessar este anuncio evangélico, usando para isso modos de unidade, orações, celebrações e eventos. Provendo isto por meio também em empenhar-se em um bom planejamento por meio de reuniões e outros devidos e bons modos.
Sendo cabido a vos bispos o dever de ser anunciadores e animadores desta esperança evangélica ao vosso povo, recordamos assim: “Compete-lhe, de modo particular, a tarefa de ser profeta, testemunha e servo da esperança; tem o dever de infundir confiança e proclamar perante quem quer que seja as razões da esperança cristã”. (Pastores Gregis n° 3 Par. II) usando do profetismo é dever de manter sempre firme no vosso rebanho á luz do evangelho, proclamando a vossa grei sempre e sobre toda e qualquer circunstância o amor de Cristo em sua palavra eterna.
Seria energúmeno idealizar um pastor que anima seu redil no anuncio do evangelho, sem ele próprio nutrir-se desta seiva sublime e necessária, ou seja um bispo que quer animar e fazer brilhar esta luz da esperança evangélica em meio ao seu povo deve antes mesmo ele estar cheio desta animação e iluminado desta luz, o bispo deve ser o primeiro a aproximar-se desta arvore frondosa e nutrir-se desta seiva sublime, “Somente com a luz e a consolação que provêm do Evangelho é que um Bispo consegue manter viva a própria esperança.” ( Pastores Gregis n° 3 Par. III) o pastor, fortalecido por esta seiva evangélica mantem assim acessa a luz da própria esperança, e irradia, reflete esta esperança aos seu rebanho.
Assim exortamos a todos os pastores a meritória e importante necessidade de estarem sempre firmes na leitura e estudo do evangelho, não se privando somente a preparação da homília para a missa ou da reflexão em reuniões e encontros.

O Pastor Atento e Diligente na Docilidade de Cristo
É verdade clara que o bispo é ou deveria ser o porto seguro em respostas e ensinamentos ao seu rebanho, seu redil e seu povo, mas aparenta que alguns destes pastores preferem dispersar-se e safar-se desta sua obrigação em corrigir e ensinar paternalmente, assim é preciso rememorar que "Grandes são as responsabilidades que pesam sobre os ombros de um Bispo, para o bem da Diocese, mas também de toda a sociedade. Muitos são aqueles que recorrem ao Bispo, tanto para questões relativas à vida religiosa como para serem esclarecidos, ajudados e animados nos momentos de dificuldade, descarregando sobre ele os seus problemas e as suas preocupações.” (Apostolorum Sucessoris n°2) omitir-se desta realidade de animador e dócil cuidado, aparenta-nos renegar ao ministério de pai e pastor daquele povo e rebanho.
Ante mão e reforçando mais ainda quão grave é este crime de ofuscar-se e omitir-se na solicitude ao rebanho, recordamos: “O Bispo é um pai que vive para os seus filhos e que se faz tudo com a Igreja e com os seus sacerdotes, prodigalizando-se para formar as consciências e para os fazer crescer na fé.” (Apostolorum Sucessoris n° 4) concluímos quase simplesmente que o bispo que se reveste de seu ministério, e de seus apedrejos e insígnias e vem agir deste modo, parece dar mais valor ao que vê com lucro do que ao que firmou com um ‘sim’ em sua ordenação.
Assim exortamos aos veneráveis pastores que não se deixem corromper pelo materialismo, individualismo, a cultura do descarte e a periodicidade de sistemas e lucros, para isso vigiem-se sempre e recordem-se com frequência da pobreza apostólica própria da comunidade cristã, para tal exercício não cessem de voltar a leitura das escrituras e de participar com vosso rebanho das atividades pastorais, deixando-se conquistar sempre novamente pela docilidade do olhar de Cristo que os chama: “Vinde, e eu vos farei pescadores de homens." (Mt 4-19), para assim conquistados por este doce olhar possa conquistar e transmitir esta docilidade ao vosso redil.

                                      II Unidade Pastoral Episcopal

O Bispo Sumo Pastor do seu Rebanho
Verificamos em nosso olhar a triste falta na realidade entre as arquidioceses de uma igreja viva e particular, aparenta muitas vezes que a arquidiocese não tem vida, pelo simples fato de não haver esforço. É preciso e imprescindível lembrar que as arquidioceses são igrejas particulares em comunhão com a sé de São Pedro, pela obediência de seus pastores e reconhecimento da primariedade da sé romana, mas não dependente desta para caminhar, anunciar e viver.
"O Bispo é pai e pastor da diocese (munus regendi). Do governo pastoral do Bispo sobressai o espírito radical de serviço e de vigilância no que diz respeito ao desenrolar da vida diocesana. Em particular, o governo do Bispo deve expressar da melhor forma possível as mesmas características do Bom Pastor. São, oportunamente, apresentadas algumas indicações relativas à responsabilidade pessoal do Bispo e do papel dos Organismos de participação na sua função pastoral, como o Sínodo diocesano, a Cúria e os outros Conselhos diocesanos." (Apostolorum Sucessoris n° 6 Par. III)
Assim é preciso recordar e exortar de forma enfática, os bispos pastores a empenhar-se em viver esta existência efetiva de igreja particular, vivendo radicalmente esta realidade a exemplo do Bom Pastor, convocando as comunidades que formam cada arquidiocese a uma visita ao seu bispo. Aconselhamos e preconizamos também a que sempre oportuno nos grandes momentos da arquidioceses, transparecer a unidade do seu povo e clero em torno do seu pastor, celebrando o santo sacrifício a celebração da partilha, em forma plena e comum de unidade particular e também coletiva com as demais igrejas particulares e a sé romana.
Assim igualmente impelimos e admoestamos aos bispos, que façam por impulsionar esta máquina de igreja particular, com celebrações, eventos e reuniões próprias de cada arquidiocese. Recordamos ainda a necessidade das reuniões dos pastores arquidiocesanos com seu clero, seus bispos auxiliares, padres e diáconos para informar-se também da realidade de cada comunidade e maior organização da igreja particular.

Dos Bispos e sua Correlação Particular de Igreja e Auxiliares
Verificamos de igual modo também, o verdadeiro declínio de assistência, sendo visto em muitas igrejas a falta de comunhão e boa relação dos seus arcebispos com seus auxiliares.
Exortamos aqui de forma evidenciada e firme que os auxiliares e coadjutores que não mantem boa relação com seus metropolitas, ferem igualmente a relação com esta sé romana, deve-se sobressair a necessidade de ajuda, o auxiliar ajuda no cuidado naquela grei em obediência a seu metropolita seja ele qual for, o respeito deve ser mutuo e necessário não pela diferença de cada um mais ainda mais acima, pelo bem do povo o rebanho. Se os pastores de alguma igreja particular vivem em conflito, desta igreja não haverá progresso nenhum pois seus pastores ferem e abaixam a necessidade do anuncio evangélico e elevam seus orgulhos e diferenças em meio ao rebanho. Para isto imploramos a vos todos pastores em suas funções, que haja a relação de diálogo sempre tendo em vista o anuncio da fé e do evangelho ao redil, sanando as diferenças pelo respeito, obediência e na realidade de cada igreja particular.

A Unidade Episcopal em Forma a sua Conferência Nacional
Ao aferir a realidade da unidade pastoral, identificamos um grande equívoco e até rompimento aonde aparenta-nos que os bispos não querem participar da conferência episcopal ou não sente-se representados por ela, a todo caso esta realidade é inaceitável e inadmitida, por isso queremos recordar a necessidade das atividades da conferência episcopal nacional recordando: "A Conferência dos Bispos, organismo permanente, é a reunião dos Bispos de uma nação ou de determinado território, que exercem conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o maior bem que a Igreja proporciona aos homens, principalmente em formas e modalidades de apostolado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e lugar, de acordo com o direito." (CDC n° 447) a conferencia deve além de unidade e diálogo entre as igrejas particulares e seus pastores, facultar um apoio e amparo para a realidade vivida em cada igreja particular e no cuidado pastoral geral.
Destarte impelimos e exortamos que os pastores empenhem-se na realidade da conferência episcopal, para maior diálogo e conhecimento dos pastores daquele âmbito, em melhoria ao cuidado do rebanho atentos ao clamor de cada igreja, este deve dar-se através de reuniões, conferencias, pastorais e até formação de comissões entre os bispos.

Da Relação dos Pastores e Corpos Diplomáticos desta Sé Apostólica
É sabido que a sé romana mantem corpos diplomáticos em várias realidades, a mais chamativa destas é a nunciatura apostólica, responsável pela manutenção do diálogo e unidade dos bispos daquelas igrejas com bispo de Roma, igualmente da distribuição do clero de cada arquidiocese.
A esta relação exortamos a necessidade do mais amplo diálogo e comunicação, da parte dos pastores das igrejas particulares ao núncio apostólico e vice-versa para ampliar assim o maior benefício de ambas igrejas particulares e principalmente do rebanho. Igualmente damos enfoque a necessidade de unidade e oficialidade no desempenho desta relação, para a promoção desta unidade, de maneira que se prepare documentos, relatórios e visitas de cada igreja particular a nunciatura ou embaixada e de igual modo da nunciatura ou embaixada as igrejas particulares. Assim recordamos:
"Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste." (Jo 17-21) para que seja firmemente a comunhão de ambas as partes na formação de uma só família e comunidade, ambas em prol do anuncio do evangelho ao rebanho a todos os povos.

Comunicações Finais
Caros irmãos, é por fim necessário dar enfoque a atenção que devesse ter a este ‘Decreto Instrutivo’ que visa somente sanar e melhorar a situação de realidades em cada arquidiocese e igreja particular, não o impomos de modo obrigatório, mas de modo pastoral instrutivo, para o maior e súpero progresso dos seus pastores e rebanho, assim concluímos:
“Façamos silêncio para ouvir a Palavra do Senhor e meditá-la, a fim de que a mesma, através da acção eficaz do Espírito Santo, continue a habitar e a viver em nós e a falar-nos ao longo de todos os dias da nossa vida. Desta forma, a Igreja sempre se renova e rejuvenesce graças à Palavra do Senhor, que permanece eternamente.” (Exortação Apostólica Verbum Dómini) em atenção do pastoreio nas igrejas particulares, resplandeça a luz da esperança cristã na proclamação da boa nova evangélica, e ainda mais na boa comunhão particular.
Assim rogamos o estudo deste decreto, que os pastores se apliquem em explora-lo e usá-lo em suas igrejas particulares igualmente a conferência episcopal e a nunciatura apostólica, para a relação do pastor e rebanho.
Em conclusão recordamos e memoramos a Virgem Maria, aquela que os primeiros cristãos no oriente já saudavam por mãe de Deus (Theotókos), é ela feliz porque acreditou e com seu sim, fez brilhar ao mundo a luz de esperança, a luz da salvação e misericórdia, seu divino filho nosso salvador e redentor Jesus Cristo, pelo feliz sim da Virgem Maria recordamos: “Maria é feliz porque tem fé, porque acreditou, e, nesta fé, acolheu no seu ventre o Verbo de Deus para O dar ao mundo. A alegria recebida da Palavra pode agora estender-se a todos aqueles que na fé se deixam transformar pela Palavra de Deus." (Exortação Apostólica Verbum Dómini) para que a alegria dos pastores e dos rebanhos sejam iguais a da Virgem Maria, a de acreditar, a alegria da palavra a boa nova evangélica, fieis ao anúncio desta boa nova.

Dado em Roma, No Gabinete da Congregação Para os Bispos, Junto á São Pedro, 22 de Janeiro do Ano Santo da Misericórdia e Jubilar de 2016, Primeiro de Nosso Pontificado.

+ Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer - Decano do Sacro Colégio Cardinalício e Prefeito da Congregação Para os Bispos